segunda-feira, agosto 16, 2004

Não me encontro

Em todos os dias que passam, tento encontrar em mim uma ausência manipulada. Já não acredito que posso me esvair de sentimentos, tampouco me enganar. O desinteresse cresce, cresce ainda mais e me assusta. Já não sou o mesmo de antes; algum Marcelo em mim morreu e foi sepultado sem meu conhecimento...perdido entre as palavras, tento me desencontrar, pra quem sabe eu possa me perder novamente, ser feliz, apenas. Seria uma falta de compreensão da minha parte? Minha natureza de artista me manipula e me convence de que tenho que ser eu mesmo nas horas mais impróprias. Que sentimento é este que nasce em mim? Já não consigo narrar com todas as fábulas, já me faltam algumas palavras...e fico mudo, calado, como quem não sabe falar. Passo desapercebido pelos cantos, mas só queria aparecer um pouco mais que os outros; é meu ego que me martela e me obriga a vir todos os dias; uma luta incansável contra o destino que está me carregando para as valas tristes do infinito, se é que isto existe como um todo...

Algo especial, é como os outros dizem. Eu tenho algo especial...de que isto me importa, se não consigo acalmar minhas ânsias, se mesmo aqui, tão solto neste ambiente, sinto-me enjaulado na memória, presa do inconsciente...facilmente, vou desistir de pensar com algum tempo. É apenas um dia ruim, como diriam os outros...afinal o que é sonho? Sou tão sonhador, que mesclo e a realidade em potencial. E me procuro nas capas de jornais...quando será que vou estar lá? Quando será que vou conseguir a atenção de que preciso? Pobres dos artistas que não possuem refúgios e tem que se ver como eu: prisioneiro de um futuro sem rumo...